quinta-feira, 14 de julho de 2011

A ESPERA

O processo de caça DE ESPERA é aquele em que o caçador se coloca (ou posta) em local de visibilidade privilegiada sobre um ponto de alimentação, de água ou de passagem para poder observar, seleccionar e cobrar um animal, seja ele de caça maior seja de caça menor. Apesar de tudo, este é o processo mais especificamente destinado á caça do Javali, durante a noite, com o luar por companhia.
  Desta forma e com o auxilio de excelentes ópticas - ( é para este fim que se fabricam as miras telescópicas com  50 a 56 e mais milímetros de diâmetro útil de objectiva , e bem assim os binóculos 10X50 ou mais potentes), que podemos, comodamente instalados, observar a "entrada" dos animais ao posto de caça, avaliar,  as suas características e cobrarmos, de forma eficaz, o animal pretendido.
  O posto de espera pode ser de vários tipos: aberto ou fechado, elevado ou ao nível do chão ou ainda uma combinação de ambos. Pela minha experiência e tendo concretizado largas dezenas de esperas aos javalis em ambas as situações, prefiro os postos elevados e fechados pois constituem uma maior segurança para evitar ser detectado antecipadamente pelos animais, sendo ainda muito confortáveis. Contudo a verdadeira mestria do caçador está na escolha da localização de um simples posto de chão, aberto, onde apenas se conjugam três paus de 3 metros de comprimento atados em forma de U invertido, para servirem de apoio para a arma.
Posto de Espera, elevado e semifechado.
   Ainda sobre a localização do posto de espera deve salientar-se que este pormenor é da maior importância. Assim deve ser instalado num local em que o vento dominante esteja sempre a nosso favor (na cara), deve distar no mínimo 50 a 60 metros do local onde esperamos que apareçam os animais (pessoalmente prefiro distâncias dos 70 aos 120 metros dependendo das condições do terreno e da visibilidade do local), estar instalado sem contrastar com o céu (com obstáculos por detrás, p. ex. árvores ou acidentes naturais do terreno), de preferência sem coberto vegetal pelas costas (para evitar que o animal desconfie e circule por detrás de nós e nos apanhe o odor) e com a Lua por detrás ( para não encandear o óculo no momento do tiro).
  Como facilmente se percebe é por este motivo que os postos elevados e fechados, nos quais apenas existe uma abertura/janela de 40cmX70cm para atirar, são os preferidos da maioria dos caçadores. Se estiverem bem construídos e convenientemente vedados será impossível que, mesmo com "mau ar" , algum animal nos apanhe o odor. E ... podem, inclusivamente, estar mal colocados. 
  No caso específico das esperas aos javalis e para mais facilmente os atrair a um local, é costume estabelecer-se um ponto de alimentação - cevador - onde onde se lhes facultará diariamente a guloseima que lhes seja mais atraente.
  Finalmente resta observar frequentemente o local e quando constatarmos que as visitas são frequentes,  proceder à espera propriamente dita. Para isso devemos também observar alguns comportamentos  fundamentais:                                                                                                                                                                           Posto de Espera elevado, aberto
  - Chegar ao local pelo menos uma hora antes do pôr-do-sol . Se por acaso se atrasar  e chegar á boca da noite, é preferível não ir para o posto e deixar a faena para outro dia.
  - Ao ocupar o posto ( ou entrar para o palanque) tente fazer o mínimo ruído possível ( não sabe a que distância estão os animais encamados e se sentem a sua chegada).
  - Durante a sua permanência no posto, esteja o mais silencioso e sossegado que seja possível. Se tiver que se levantar ou fazer algum ruído aproveite os momentos em o vento seja mais forte para que os sons do ambiente abafem os seus.
  - Esteja atento aos ruídos do mato: um ramo seco que estala, uma pedra que rebola ou um tom seco na terra são normalmente indícios da aproximação (entrada) de um animal. E lembre-se que o porco maior é o que faz menos ruído, enquanto o pequeno é aquele que gosta de "dançar o sapateado".
  - Por fim, encha-se de paciência. Uma espera, quando não se atira, deve decorrer até cerca das 02.00 horas da madrugada. O abandono antecipado do posto não só denuncia a sua presença como também o estraga irremediavelmente.
  - Se não atirou e tem animais no cevador a comer, não saia do posto. Espere que se vão embora, aguarde meia hora e então pode sair da forma mais sigilosa possível. 
  - Se atirou, tenha calma e mais paciência. Espere pelo menos 20 minutos antes de sair do seu posto, seja para apreciar o animal cobrado seja para verificar indícios do tiro.
  - Se o animal não ficou morto no local do tiro, há que ter muito cuidado. Decorrido o tempo mencionado no parágrafo anterior, vá ao local onde este se encontrava e, com a ajuda de uma boa lanterna, procure indícios do tiro no chão. A existência de salpicos ou jactos de sangue vermelho vivo, significa que o animal tem o tiro colocado na área do coração; por seu lado o sangue é vermelho claro e com bolhas, significa que tem os pulmões destruídos; já por outro lado pedaços de osso, banha, pêlos e pouco ou quase nenhum sangue são mau sinal no que se refere ao cobro da peça. Se por acaso vir um buraco ou um risco recente na terra, isso significa que errou o tiro e não vale a pena perder tempo a procurar o bicho.
   - Se tiver que procurar o animal tome providências de cautela; espere por um companheiro de caça, pelo guarda da zona ou outro e tente seguir o rasto de sangue, sempre com a lanterna numa mão e a arma na outra. Não se deve afastar mais de 50 metros do local do tiro, quando procede à busca. Quando se trata de javalis feridos de morte mas ainda vivos a faena pode sair muito complicada, se não perigosa. Ao não encontrar o animal, será preferível - e muito aconselhável - voltar de manhã cedo, ao nascer do dia e com mais companheiros, para então se proceder melhor à busca. Lembre-se que de dia se vê muito melhor do que de noite.

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